Combatendo os Inimigos da Alma - Os Doze Primeiros Dias

Final dos 12 Dias Preliminares: O que aprendemos até aqui?


Chegamos ao fim da primeira etapa da nossa preparação para a Consagração Total a Jesus por Maria, segundo o método de São Luís Maria Grignion de Montfort. Foram doze dias de combate contra o espírito do mundo. Agora é tempo de recolher os frutos espirituais dessa caminhada e consolidar as verdades que o Tratado nos apresentou nos parágrafos 1 a 89.

Mas afinal, o que aprendemos até aqui?
O objetivo dos 12 primeiros dias

O foco desta primeira fase é simples e profundo: desapegar-se do espírito do mundo. Esta etapa nos preparou para enxergar com clareza os verdadeiros inimigos da alma e compreender por que precisamos de Maria para vencê-los.

Durante esses dias de leitura, oração e exame interior, fomos ensinados que há cinco grandes obstáculos que nos afastam da graça de Deus:

1. O espírito do mundo

O espírito do mundo é um modo de pensar e viver que se opõe ao Evangelho. Ele se manifesta na busca desordenada por glória, poder, prazer e vaidade, em detrimento da vontade de Deus. O mundo nos oferece uma lógica de egoísmo e autossuficiência, onde Deus é ignorado ou rejeitado.

A Escritura nos adverte: “Não ameis o mundo, nem o que há no mundo. Se alguém ama o mundo, o amor do Pai não está nele” (1Jo 2,15).

O Catecismo da Igreja Católica ensina que o mundo, marcado pelo pecado, é um ambiente de provação onde o cristão deve discernir, resistir às seduções e manter-se fiel à luz de Cristo (cf. CIC 2851).

2. O espírito da carne

A carne representa as inclinações desordenadas da nossa natureza ferida pelo pecado original. Mesmo batizados, ainda carregamos em nós uma tendência ao mal. Essa inclinação se manifesta no orgulho, na sensualidade, na preguiça espiritual, na avareza e em outros vícios.

São Paulo diz: “A carne tem desejos contrários ao Espírito, e o Espírito tem desejos contrários à carne” (Gl 5,17).

O Catecismo afirma que esta luta interior exige mortificação, vigilância e uma vida de oração constante (cf. CIC 405; 2516-2517).

3. O demônio

São Luís fala com clareza sobre a ação do demônio: um ser real e pessoal, astuto, que deseja perder as almas. Ele conhece nossas fraquezas e nos ataca com sutileza e persistência.

“Vosso adversário, o diabo, ronda como um leão a rugir, procurando a quem devorar” (1Pd 5,8).

O Catecismo ensina que Satanás e os outros demônios “foram, de fato, criados por Deus naturalmente bons, mas tornaram-se maus por sua própria ação” (CIC 391). Eles exercem influência na história humana, sempre limitada pela providência divina (cf. CIC 395).

4. As tentações

As tentações são propostas sedutoras que nos afastam da vontade de Deus. Elas podem vir do mundo, da carne ou do demônio. Jesus mesmo foi tentado, mas nos mostrou como vencê-las: com vigilância, oração e fidelidade à Palavra de Deus.

“Bem-aventurado o homem que suporta a tentação com perseverança” (Tg 1,12).

O Catecismo lembra: “Ninguém deve se expor voluntariamente à tentação. Cada um é tentado por sua própria concupiscência” (cf. CIC 2847).

5. Nossas fraquezas

Nosso maior inimigo pode ser o orgulho de acharmos que estamos seguros. São Luís nos alerta que muitos caíram não por falta de graça, mas por confiar demais em si mesmos e negligenciar a humildade.

“Temos este tesouro em vasos de barro” (2Cor 4,7).

O Catecismo reconhece: “A liberdade humana é limitada e falível. O homem pecou livremente” (CIC 1739). Precisamos da graça para perseverar, e da humildade para reconhecer nossa total dependência de Deus.

A solução: Maria

É por isso que São Luís nos propõe a consagração total a Jesus por Maria. Entregar-se a ela é reconhecer nossa fragilidade e colocar todos os nossos bens espirituais nas mãos da Mãe fiel, que os guarda com amor, zelo e segurança.

Ela é o “vaso espiritual”, a “torre de Davi”, a “arca da nova aliança”. Ela é o caminho mais seguro para chegarmos a Jesus Cristo, nosso único Salvador.
O chamado à conversão

Ao final desta etapa, somos convidados a olhar para dentro de nós e fazer um verdadeiro exame de consciência. Que lugar Deus ocupa em nossa vida? Quantas vezes colocamos outras coisas no lugar d’Ele?

Reflita sobre tudo o que pode ferir o primeiro mandamento: colocar o trabalho, o prazer, o celular, os relacionamentos ou até mesmo nossos projetos pessoais acima de Deus. Se ferimos o primeiro mandamento com tanta facilidade, o que dizer dos outros?

A resposta é clara: precisamos da graça, e ela nos é oferecida abundantemente por meio do arrependimento e do sacramento da confissão.

Padre Pio, que confessava-se semanalmente, dizia:
“A confissão é o banho da alma. Mesmo uma sala limpa acumula poeira com o tempo. Assim também a alma.”

Por isso, busquemos a perfeita contrição, confessemo-nos com frequência, e caminhemos com confiança nesta preparação.

E agora?

Concluímos os 12 dias de combate ao espírito do mundo. A partir de amanhã, entramos nas três semanas temáticas:

Conhecimento de si mesmo
Conhecimento de Maria
Conhecimento de Jesus Cristo

Permaneçamos firmes. Perseveremos na oração, no silêncio interior e na vigilância. A consagração se aproxima, e com ela, uma vida nova em Cristo.

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