Dia 09 de 33 – Somos de Jesus e de Maria: não nos pertencemos mais a nós mesmos
📖 Dia 9 – Somos de Jesus e de Maria: não nos pertencemos mais a nós mesmos
Ao acordar hoje, ofereça a Deus o seu primeiro pensamento e reconheça: não somos nossos! Antes mesmo de sair da cama, respire fundo e diga interiormente: “Senhor, eu sou totalmente vosso, e tudo o que tenho Vos pertence!”
Nestes 12 dias preliminares, estamos buscando nos libertar do espírito do mundo — aquele modo de pensar que nos leva a viver como se fôssemos donos de nós mesmos, sem reconhecer o Senhorio de Jesus Cristo. Mas hoje o Tratado nos apresenta uma verdade profunda e libertadora: fomos comprados por um preço altíssimo — o sangue de Cristo — e pertencemos inteiramente a Ele, como seus membros e seus escravos de amor.
Quantas vezes fazemos grandes esforços para agradar o mundo... Acordamos cedo para ir ao trabalho, dormimos tarde para conseguir um diploma, sacrificamos nossa saúde por metas passageiras. Mas quando é hora de nos entregarmos à Santa Missa, à oração, ao estudo das Escrituras... hesitamos. Isso revela que ainda somos movidos pelo espírito do mundo — e não por amor a Jesus.
Hoje, somos convidados a mudar esse rumo. A consagração que estamos preparando é uma renúncia livre ao domínio do pecado e uma entrega total a Jesus por meio de Maria. Como filhos comprados por amor, queremos escolher voluntariamente ser servos de amor do nosso Salvador e da sua Santa Mãe.
👉 Antes de iniciar a leitura espiritual do Tratado, invoque o Espírito Santo e peça a intercessão da Santíssima Virgem. Que a luz divina desça sobre sua alma e prepare seu coração para viver com profundidade essa verdade transformadora.
📿 Agora, com humildade e reverência, sigamos para as orações iniciais:
Vinde, Espírito Criador
Ave Maris Stella
🕊️ Antes de iniciar a leitura espiritual, pare um instante e faça as orações com atenção e amor, pedindo com sinceridade a luz do Espírito Santo e o auxílio da Santíssima Virgem.
📌 Sem oração, não há fruto. Sem humildade, não há transformação.
Vinde, Espírito Criador (Veni Creator Spiritus)
Vinde, Espírito Criador,
Visitai as almas dos Vossos fiéis
E enchei com a Vossa divina graça
Os corações que criastes.Sois o nosso Consolador,
Dom de Deus Altíssimo,
Fonte viva, fogo, amor,
E unção divina da alma.Com Vossos sete dons,
Sois força na mão do Pai,
Prometida por Ele ao nosso coração,
O que enriquece nossas vozes em louvor.Iluminai a nossa inteligência,
Derramai amor em nosso coração,
E fortalecei nossas fraquezas
Com Vossa eterna proteção.Afastai para longe o inimigo,
Dai-nos a paz e as graças
Para que, sendo Vossa guia,
Evitemos tudo o que nos desvia.Por Vós conheçamos o Pai
E o Filho que de Vós procede,
E que a Vossa eterna glória
Sempre seja a nossa sede.Glória a Deus Pai e ao Filho,
Que ressuscitou dos mortos,
E ao Espírito Consolador
Por todos os séculos. Amém.
Ave Estrela do Mar (Ave Maris Stella)
Ave, do mar Estrela,
Bendita Mãe de Deus,
Virgem perpétua e bela,
Portal feliz dos céus.Ouvindo aquele "Ave"
Do anjo Gabriel,
Mudando de Eva o nome,
Trouxeste-nos o Emmanuel.A culpa extingue, pois,
Dá-nos pureza e paz;
Teu doce nome invoque,
Quem de bondade é capaz.Dá-nos uma vida pura,
Guia-nos para o caminho,
Para que, vendo Jesus,
Juntos cantemos no céu.Louvor a Deus, Pai,
Por todos os séculos. Amém.
Glória ao Senhor que venceu,
E ao Espírito Santo
Dia 09 – Leitura do Tratado: Parágrafos 68 a 77
ARTIGO II – Pertencemos a Jesus Cristo e a Maria na qualidade de escravos
68. Segunda verdade. – Do que Jesus é para nós, concluímos que não nos pertencemos, como diz o apóstolo (1Cor 6,19), e sim a Ele, inteiramente, como seus membros e seus escravos, comprados que fomos por um preço infinitamente caro, o preço de seu sangue.
Antes do batismo o demônio nos possuía como escravos, e o batismo nos transformou em escravos de Jesus Cristo e só devemos viver, trabalhar e morrer para produzir frutos para o homem-Deus (Rm 7,4), glorificá-lo em nosso corpo e fazê-lo reinar em nossa alma, pois somos sua conquista, seu povo adquirido, sua herança. Pelo mesmo motivo o Espírito Santo nos compara: 1º) a árvores plantadas ao longo das águas da graça, nos campos da Igreja, árvores que devem dar seus frutos no tempo adequado; 2º) aos galhos de uma videira de que Jesus Cristo é o tronco, e que devem produzir boas uvas; 3º) a um rebanho cujo pastor é Jesus, e esse rebanho deve multiplicar-se e dar leite; 4º) a uma boa terra de que Deus é o lavrador, e na qual a semente se multiplica, rendendo trinta, sessenta, cem vezes mais. Jesus amaldiçoou a figueira estéril (Mt 21,19) e declarou condenado o servo inútil que não fizera valer o seu talento (Mt 25,24-30). Tudo isso nos prova que Jesus Cristo quer receber alguns frutos de nossas mesquinhas pessoas: quer receber nossas boas obras, porque as boas obras lhe pertencem exclusivamente: “Creati in operibus bonis in Christo Iesu – Criados em Jesus Cristo para boas ações” (Ef 2,10). Essas palavras do Espírito Santo mostram que Jesus Cristo é o único fim de todas as nossas boas obras, e que devemos servi-lo não somente como servidores assalariados, mas como escravos de amor. Explico-me.
69. Há duas maneiras, aqui na terra, de alguém pertencer a outrem e de depender de sua autoridade. São a simples servidão e a escravidão, donde a diferença que estabelecemos entre servo e escravo.
Pela servidão, comum entre os cristãos, o homem se põe a serviço de outro por um certo tempo, recebendo determinada quantia ou recompensa.
Pela escravidão, um homem depende inteiramente de outro durante toda a vida, e deve servir a seu senhor, sem esperar salário nem recompensa alguma, como um dos animais sobre que o dono tem direito de vida e de morte.
70. Há três espécies de escravidão: por natureza, por constrangimento e por livre vontade. Por natureza, todas as criaturas são escravas de Deus: “Domini est terra et plenitudo eius” (Sl 23, 1). Os demônios e os réprobos são escravos por constrangimento; e os justos e os santos o são por livre e espontânea vontade. A escravidão voluntária é a mais perfeita, a mais gloriosa e mais digna de Deus, que olha o coração (1Rs 16,7), que pede o coração (Pr 23,26) e que é chamado o Deus do coração (Sl 72,26) ou da vontade amorosa, porque, por esta escravidão, escolhe-se, sobre todas as coisas, a Deus e seu serviço, ainda quando não o obriga a natureza.
71. A diferença entre um servo e um escravo é total:
1º) Um servo não dá a seu patrão tudo o que é, tudo o que possui ou pode adquirir por outrem ou por si mesmo; mas um escravo se dá integralmente a seu senhor, com tudo o que possui ou possa adquirir, sem nenhuma exceção.
2º) O servo exige salário pelos serviços que presta a seu patrão; o escravo, porém, nada pode exigir, seja qual for a assiduidade, a habilidade, a força que empregue no trabalho.
3º) O servo pode deixar o patrão quando quiser, ou ao menos quando expirar o tempo de serviço, mas o escravo não tem esse direito.
4º) O patrão não tem sobre o servo direito algum de vida e de morte, de modo que, se o matasse como matam um de seus animais de carga, cometeria um homicídio; mas, pelas leis, o senhor tem sobre o escravo o poder de vida e morte.
5º) O servo, enfim, só por algum tempo fica a serviço de um patrão, enquanto o escravo o é para sempre.
72. Só a escravidão, entre os homens, põe uma pessoa na posse e dependência completa de outra. Nada há, do mesmo modo, que mais absolutamente nos faça pertencer a Jesus Cristo e a sua Mãe Santíssima do que a escravidão voluntária, conforme o exemplo do próprio Jesus Cristo, que, por nosso amor, tomou a forma de escravo: “Formam servi accipiens” (Fl 2,7), e da Santíssima Virgem, que se declarou a escrava do Senhor (Lc 1,38). O apóstolo honra-se várias vezes em suas epístolas com o título de servus Christi. A Sagrada Escritura chama muitas vezes os cristãos de servi Christi, e esta palavra servus, conforme a observação acertada de um grande homem, significava, outrora, apenas escravo, pois não existiam servos como os de hoje, e os ricos só eram servidos por escravos ou libertos. E para que não haja a menor dúvida de que somos escravos de Jesus Cristo, o Concílio de Trento usa a expressão inequívoca mancipia Christi, e no-la aplica: escravos de Jesus Cristo. Isto posto:
73. Digo que devemos pertencer a Jesus Cristo e servi-lo, não só como servos mercenários, mas como escravos amorosos, que, por efeito de um grande amor, se dedicam a servi-lo como escravos, pela honra exclusiva de lhe pertencer. Antes do batismo, éramos escravos do demônio; o batismo nos fez escravos de Jesus Cristo. Importa, pois, que os cristãos sejam escravos ou do demônio ou de Jesus Cristo.
74. O que digo absolutamente de Jesus Cristo, digo-o também da Virgem Maria, pois Jesus Cristo, escolhendo-a para sua companhia inseparável na vida, na morte, na glória, em seu poder no céu e na terra, deu-lhe pela graça, relativamente à sua majestade, os mesmos direitos e privilégios que Ele possui por natureza. “Quid-quid Deo convenit per naturam, Mariae convenit per gratiam...” – Tudo que convém a Deus pela natureza, convém a Maria pela graça”, dizem os santos. Assim, conforme este ensinamento, pois que ambos têm a mesma vontade e o mesmo poder, têm também os mesmos súditos, servos e escravos.
75. Podemos, portanto, seguindo a opinião dos santos e de muitos doutos, dizer-nos e fazer-nos escravos da Santíssima Virgem, para deste modo nos tornarmos mais perfeitamente escravos de Jesus Cristo. A Santíssima Virgem é o meio de que Nosso Senhor se serviu para vir a nós; e é o meio de que nos devemos servir para ir a Ele. Bem diferente é ela das outras criaturas, as quais, se a elas nos apegarmos, poderão antes nos afastar que nos aproximar de Deus. A mais forte inclinação de Maria é nos unir a Jesus Cristo, seu divino Filho; e a mais forte inclinação do Filho é que vamos a Ele por meio de sua Mãe Santíssima. E isto é para Ele tanta honra e prazer, como seria para um rei honra e prazer, se alguém, para tornar-se mais perfeitamente seu escravo, se fizesse escravo da rainha. Eis por que os Santos Padres, e São Boaventura com eles, dizem que a Santíssima Virgem é o caminho para chegar a Nosso Senhor: “Via veniendi ad Christum est appropinquae ad illam”.
76. Além disso, se a Virgem Santíssima, como já disse (v. n. 38), é a rainha e soberana do céu e da terra – “Imperio Dei omnia subiiciuntur et Virgo, ecce imperio Virginis omnia subiiciuntur et Deus”, dizem Santo Anselmo, São Bernardo, São Boaventura – não possui ela tantos súditos e escravos quantas criaturas existem? Não é razoável que, entre tantos escravos por constrangimento, haja alguns por amor, que, de boa vontade e na qualidade de escravos, escolham Maria para sua soberana? Pois então os homens e os demônios terão seus escravos voluntários e Maria não há de tê-los? Seria desonra para um rei e a rainha, sua companhia, não possuísse escravos sobre os quais tivesse direito de vida e morte, pois a honra e o poder do rei são a honra e o poder da rainha; e pode-se acreditar que Nosso Senhor, o melhor de todos os filhos, que deu a sua Mãe Santíssima parte de todo o seu poder, considere um mal ter ela escravos? Terá ele menos respeito e amor a sua Mãe do que teve Assuero a Ester e Salomão a Betsabé? Quem ousaria dizê-lo ou pensá-lo sequer?
77. Mas onde me leva minha pena? Por que me detenho aqui a provar uma coisa tão evidente? Se alguém recusa confessar-se escravo de Maria, que importa? Que se faça e se diga escravo de Jesus Cristo. É o mesmo que ser escravo da Santíssima Virgem, pois Jesus é o fruto e a glória de Maria. E isto se faz perfeitamente pela devoção de que falaremos a seguir.
🔔 Conclusão do Dia 9 – “Não somos nossos, somos de Jesus por Maria”
Hoje fomos profundamente lembrados de que não pertencemos mais a nós mesmos. Fomos comprados com o Sangue do Cordeiro, e nossa maior liberdade está em viver como escravos de amor daquele que nos resgatou. E se pertencemos a Jesus, então também pertencemos inteiramente a Maria, Mãe e Rainha que nos conduz pelo caminho estreito da salvação.
Uma das formas mais eficazes de viver essa entrega é por meio da oração diária do Santo Rosário. Como dizia São Luís Maria: “É o instrumento mais poderoso para tocar o coração de Deus por meio da intercessão de Maria.”
E ninguém testemunhou isso melhor do que São Padre Pio, que chamava o Rosário de “arma para os tempos de hoje”. Ele rezava mais de 30 terços por dia, e dizia com clareza:
“O Rosário é a oração que mais agrada à Santíssima Virgem. Reza-o todos os dias.”
Padre Pio também nos alertava:
“Se Maria é a estrela que nos guia, o Rosário é a corrente que nos prende ao Céu.”
Ele comparava cada Ave-Maria a uma rosa oferecida a Nossa Senhora e dizia:
“Amai a Nossa Senhora e fazei com que a amem. Rezai sempre o Rosário!”
Por isso, ao final deste dia, não deixe de pegar seu Rosário com amor, mesmo que esteja cansado, mesmo que pareça difícil. Reze com o coração. Reze com fé. Reze com coragem. Porque quem é de Maria não caminha sozinho — caminha sempre em direção a Cristo, com passos firmes, guiado por uma Mãe que jamais abandona seus filhos.
📿 “O Rosário é a arma daqueles que querem vencer o inferno e alcançar o Céu” – São Padre Pio
Que o Santo Rosário seja o sinal visível da sua consagração interior. Que seja oração de batalha, de cura, de libertação e de amor. Reze-o por partes, se necessário, mas não deixe de rezá-lo com modéstia, atenção e verdadeira devoção.
🌟 Que todos tenham um dia abençoado por Deus e cheios do Espírito Santo. Amém.
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