Dia 27 de 33 – Última Semana da Preparação para a Consagração
“Ninguém vai ao Pai senão por mim” (Jo 14,6) — e ninguém conhece o Filho senão por Maria.
Chegamos, com a graça de Deus, à última etapa da nossa preparação: a semana mais profunda e sagrada, em que nosso olhar se volta inteiramente a Jesus Cristo, nosso Senhor, Salvador e Esposo da alma fiel.
Nesta semana, São Luís nos convida a mergulhar no mistério do Verbo Encarnado, conhecendo não apenas sua glória divina, mas também sua vida oculta, sua humildade, sua cruz e seu amor imensurável. E quem melhor para nos conduzir até Ele do que sua Mãe Santíssima?
Maria é o caminho mais curto, mais seguro e mais perfeito até Jesus. Foi por Ela que Ele veio até nós — e é por Ela que devemos ir até Ele. Por isso, é à luz do seu Imaculado Coração que contemplaremos os tesouros do Coração de Jesus. Tudo por Maria para Jesus.
A partir de hoje, vamos nos debruçar sobre os deveres amorosos que Maria cumpre em relação aos seus filhos consagrados: Ela os ama, os guarda, os guia, os protege e intercede por eles. Esse é o retrato mais belo da Mãe que prepara suas almas para pertencerem inteiramente a seu Filho.
É hora de permitir que a Virgem nos leve, como levou São João ao pé da cruz, ao lugar onde o Coração de Jesus foi transpassado por amor.
Preparemo-nos, com reverência e desejo sincero, para conhecer, amar e seguir Jesus Cristo com o auxílio de Maria.
Ave, do mar Estrela,
Bendita Mãe de Deus,
Virgem perpétua e bela,
Portal feliz dos céus.
Ouvindo aquele "Ave"
Do anjo Gabriel,
Mudando de Eva o nome,
Trouxeste-nos o Emmanuel.
A culpa extingue, pois,
Dá-nos pureza e paz;
Teu doce nome invoque,
Quem de bondade é capaz.
Dá-nos uma vida pura,
Guia-nos para o caminho,
Para que, vendo Jesus,
Juntos cantemos no céu.
Louvor a Deus, Pai,
Glória ao Senhor que venceu,
E ao Espírito Santo
Por todos os séculos. Amém.
Vinde, Espírito Criador (Veni Creator Spiritus)
Vinde, Espírito Criador,
Visitai as almas dos Vossos fiéis
E enchei com a Vossa divina graça
Os corações que criastes.
Sois o nosso Consolador,
Dom de Deus Altíssimo,
Fonte viva, fogo, amor,
E unção divina da alma.
Com Vossos sete dons,
Sois força na mão do Pai,
Prometida por Ele ao nosso coração,
O que enriquece nossas vozes em louvor.
Iluminai a nossa inteligência,
Derramai amor em nosso coração,
E fortalecei nossas fraquezas
Com Vossa eterna proteção.
Afastai para longe o inimigo,
Dai-nos a paz e as graças
Para que, sendo Vossa guia,
Evitemos tudo o que nos desvia.
Por Vós conheçamos o Pai
E o Filho que de Vós procede,
E que a Vossa eterna glória
Sempre seja a nossa sede.
Glória a Deus Pai e ao Filho,
Que ressuscitou dos mortos,
E ao Espírito Consolador
Por todos os séculos. Amém.
Ladainha do Santíssimo Nome de Jesus
Senhor, tende piedade de nós.
Jesus Cristo, tende piedade de nós.
Senhor, tende piedade de nós.
Jesus Cristo, ouvi-nos.
Jesus Cristo, atendei-nos.
Pai celeste que sois Deus, tende piedade de nós.
Filho, Redentor do mundo, que sois Deus, tende piedade de nós.
Espírito Santo, que sois Deus, tende piedade de nós.
Santíssima Trindade, que sois um só Deus, tende piedade de nós.
Jesus, Filho de Deus vivo, tende piedade de nós.
Jesus, esplendor do Pai, tende piedade de nós.
Jesus, pureza da luz eterna, tende piedade de nós.
Jesus, Rei da glória, tende piedade de nós.
Jesus, sol da justiça, tende piedade de nós.
Jesus, Filho da Virgem Maria, tende piedade de nós.
Jesus amável, tende piedade de nós.
Jesus admirável, tende piedade de nós.
Jesus, Deus forte, tende piedade de nós.
Jesus, Pai do futuro do século, tende piedade de nós.
Jesus, Anjo do grande conselho, tende piedade de nós.
Jesus poderosíssimo, tende piedade de nós.
Jesus pacientíssimo, tende piedade de nós.
Jesus obedientíssimo, tende piedade de nós.
Jesus, brando e humilde de coração, tende piedade de nós.
Jesus, amante da castidade, tende piedade de nós.
Jesus, amador nosso, tende piedade de nós.
Jesus, Deus da paz, tende piedade de nós.
Jesus, autor da vida, tende piedade de nós.
Jesus, exemplar das virtudes, tende piedade de nós.
Jesus, zelador das almas, tende piedade de nós.
Jesus, nosso Deus, tende piedade de nós.
Jesus, nosso refúgio, tende piedade de nós.
Jesus, Pai dos pobres, tende piedade de nós.
Jesus, tesouro dos fiéis, tende piedade de nós.
Jesus, bom Pastor, tende piedade de nós.
Jesus, luz verdadeira, tende piedade de nós.
Jesus, sabedoria eterna, tende piedade de nós.
Jesus, bondade infinita, tende piedade de nós.
Jesus, nosso caminho e nossa vida, tende piedade de nós.
Jesus, alegria dos anjos, tende piedade de nós.
Jesus, Rei dos patriarcas, tende piedade de nós.
Jesus, Mestre dos apóstolos, tende piedade de nós.
Jesus, Doutor dos evangelistas, tende piedade de nós.
Jesus, fortaleza dos mártires, tende piedade de nós.
Jesus, luz dos confessores, tende piedade de nós.
Jesus, pureza das virgens, tende piedade de nós.
Jesus, coroa de todos os santos, tende piedade de nós.
Sede-nos propício; perdoai-nos, Jesus.
Sede-nos propício; ouvi-nos, Jesus.
De todo o mal, livrai-nos, Jesus.
De todo o pecado, livrai-nos, Jesus.
De vossa ira, livrai-nos, Jesus.
Das ciladas do demônio, livrai-nos, Jesus.
Do espírito da impureza, livrai-nos, Jesus.
Da morte eterna, livrai-nos, Jesus.
Do desprezo das vossas inspirações, livrai-nos, Jesus.
Pelo mistério da vossa santa Encarnação, livrai-nos, Jesus.
Pela vossa natividade, livrai-nos, Jesus.
Pela vossa infância, livrai-nos, Jesus.
Pela vossa santíssima vida, livrai-nos, Jesus.
Pelos vossos trabalhos, livrai-nos, Jesus.
Pela vossa agonia e paixão, livrai-nos, Jesus.
Pela vossa cruz e desamparo, livrai-nos, Jesus.
Pelas vossas angústias, livrai-nos, Jesus.
Pela vossa morte e sepultura, livrai-nos, Jesus.
Pela vossa ressurreição, livrai-nos, Jesus.
Pela vossa ascensão, livrai-nos, Jesus.
Pela vossa instituição da Santíssima Eucaristia, livrai-nos, Jesus.
Pelas vossas alegrias, livrai-nos, Jesus.
Pela vossa glória, livrai-nos, Jesus.
Cordeiro de Deus, que tirais os pecados do mundo, perdoai-nos, Jesus.
Cordeiro de Deus, que tirais os pecados do mundo, ouvi-nos, Jesus.
Cordeiro de Deus, que tirais os pecados do mundo, tende piedade de nós, Jesus.
Jesus, ouvi-nos.
Jesus, atendei-nos.
Oremos.
Senhor Jesus Cristo, que dissestes: "Pedi e recebereis; buscai e achareis; batei e abrir-se-vos-á", nós vos suplicamos que concedais a nós que vo-lo pedimos, os sentimentos afetivos de vosso divino amor, a fim de que nós vos amemos de todo o coração e que esse amor transcenda por nossas ações, sem que deixemos de vos amar.
Permiti que tenhamos sempre, Senhor, um igual temor e amor pelo vosso santo nome; pois não deixais de governar aqueles que estabeleceis na firmeza do vosso amor. Vós que viveis e reinais pelos séculos dos séculos.
Amém.
Dia 27 – Leitura do Tratado: Parágrafos 201 a 212
201. Eis, em seguida, os caridosos deveres que a Santíssima Virgem cumpre, como a melhor das mães, para com seus fiéis servos, que a ela se deram como indiquei, e conforme a figura de Jacó.
§ I. Ela os ama.
202. Ela os ama ternamente, e com mais ternura que todas as mães juntas. Acumulai, se puderes, num só coração materno e por um filho único, todo o amor natural que todas as mães deste mundo têm por seus filhos: sem dúvida essa mãe amaria muito esse filho. É verdade, entretanto, que Maria ama ainda mais ternamente seus filhos do que aquela mãe amaria o seu. Ela não os ama somente com afeição, mas também com eficácia. Seu amor por eles é ativo e efetivo, como aquele de Rebeca por Jacó, e muito mais. Eis o que esta boa Mãe, da qual Rebeca era apenas a figura, faz com o fito de alcançar, para seus filhos, a bênção do Pai celeste:
203. 1º) Ela espreita, como Rebeca, as ocasiões favoráveis de lhes proporcionar algum bem, de os engrandecer, de os enriquecer. Ela vê claramente em Deus todos os bens e males, as boas e más fortunas, as bênçãos e as maldições divinas, e por isso, já de longe, dispõe as coisas para isentar seus servos de todo mal e cumulá-los de todos os bens; de sorte que, se há um bom proveito a alcançar em Deus, pela fidelidade duma criatura em algum alto emprego, é certo que Maria o conseguirá para algum de seus filhos, e lhe dará a graça de chegar ao fim com fidelidade: "Ipsa procurat negotia nostra", diz um santo.
204. 2º) Ela lhes dá bons conselhos, como Rebeca a Jacó: “Fili mi, acquiesce consiliis meis” – Meu filho, segue meus conselhos” (Gn 27,8). E, entre outros conselhos, ela lhes sugere levar-lhe dois cabritos, isto é, seu corpo e sua alma, de lhos consagrar para que ela prepare um manjar agradável a Deus, e de fazer tudo que Jesus Cristo, seu Filho, nos ensinou pela palavra e pelo exemplo. Se não é diretamente que lhes dá seus conselhos, fá-lo pelo ministério dos anjos, para os quais constitui o maior prazer e a maior honra obedecer à menor de suas ordens para descer à terra e auxiliar seus fiéis servos.
205. 3º) Quando lhe levamos e consagramos nosso corpo e nossa alma com tudo que deles depende, sem nada excetuar, que faz esta boa Mãe? O mesmo que fez, outrora, Rebeca aos dois cabritos que Jacó lhe trouxe:
1º) mata-os, tirando-lhes a vida do velho Adão;
2º) escocha-os e despoja da pele natural, das inclinações naturais, do amor próprio, da vontade própria e de todo apego à criatura;
3º) purifica-os de toda mancha, sujeira e pecado;
4º) prepara-os ao gosto de Deus e para sua maior glória. Ninguém como ela conhece perfeitamente este gosto divino e esta maior glória do Altíssimo, e, portanto, só ela pode, sem se enganar, aprontar e preparar nosso corpo e nossa alma de acordo com esse gosto infinitamente elevado e essa glória infinitamente oculta.
206. 4º) Esta boa Mãe, depois de receber a oferenda perfeita que lhe fizemos de nós mesmos e de nossos próprios méritos e satisfações, pela devoção de que falei, depois de nos ter despojado de nossos antigos hábitos, limpa-nos e nos torna dignos de aparecer diante de nosso Pai celeste.
1º) Ela nos cobre com as vestes limpas, novas, preciosas e perfumadas de Esaú, o primogênito, isto é, de Jesus Cristo seu Filho, daquelas vestes que ela conserva em sua casa, ou, por outra, em seu poder, pois que é a tesoureira, a dispensadora universal dos méritos e virtudes de seu Filho Jesus Cristo, dos que ela dispensa e comunica a quem quer, quando quer, como quer, e em quanto quer, como já vimos acima (cf. n. 25 e n. 141).
2º) Ela rodeia o pescoço e as mãos de seus servos com o pelo dos carneiros mortos e escochados, quer dizer, ela os reveste dos méritos e do valor de suas próprias ações. Ela mata e mortifica, em verdade, tudo que eles têm de impuro e imperfeito em suas pessoas; mas não perde nem dissipa o bem que neles a graça já realizou; pelo contrário, guarda-o e aumenta-o para lhes ornarem o pescoço e as mãos, isto é, para que eles tenham força para carregar o jugo do Senhor, que se carrega ao pescoço, e para fazerem grandes coisas que rendam toda a glória de Deus e a salvação de seus irmãos.
3º) Ela pôe um novo perfume e uma nova graça nessas vestes e ornamentos, pelo contato de suas próprias vestes: seus méritos e suas virtudes, que ela, ao morrer, lhes legou em testamento, como diz uma santa religiosa do século XVII, morta em odor de santidade, e que o soube por revelação; de modo que todos os seus servidores, seus fiéis servos e escravos ficam duplamente vestidos: com as vestes dela e com as de seu Filho: “Omnes domestici eius vestiti sunt duplicibus” (Pr 31,21). Por isso eles não têm que recear o frio de Jesus Cristo, branco como a neve, que os réprobos, completamente nus e despojados dos méritos de Jesus Cristo e da Santíssima Virgem, não poderão suportar.
207. 5º) Ela consegue-lhes, enfim, a bênção do Pai celeste, se bem que eles sejam os segundos, os filhos adotivos, e, portanto, não devessem recebê-la. Com essas roupas novas, preciosas e odorosas, e com seu corpo e sua alma bem preparados e dispostos, eles se aproximam confiantes do leito de repouso do Pai celeste. Este os ouve e os reconhece pela voz, a voz do pecador; toca-lhes as mãos cobertas de pelos; aspira o perfume que de suas vestes se desprende; como alegremente o que Maria lhe preparou; e neles reconhecendo os méritos e o bom odor de seu Filho e de sua Mãe Santíssima:
1º) dá-lhes sua dupla bênção, bênção do orvalho do céu: “De rore caeli” (Gn 27,28), isto é, da graça divina que é a semente da glória: “Benedixit nos in omni benedictione spirituali in Christo Iesu” (Ef 1,3: Deus nos abençoou com toda a bênção espiritual em Cristo Jesus); bênção da fertilidade da terra: “De pinguedine terrae” (Gn 27,28), em outras palavras, que este bom Pai lhes dá seu pão cotidiano e uma abundância suficiente de bens deste mundo;
2º) fá-los senhores de seus outros irmãos, os réprobos, embora esta primazia nem sempre transpareça neste mundo que passa num instante, e no qual dominam muitas vezes os réprobos: “Peccatores effabuntur et gloriabuntur…” (Sl 93,3,4), Vidi impium superexaltatum et elevatum” (Sl 36,35); essa primazia é, no entanto, verdadeira e será manifestada por toda a eternidade, no outro mundo, onde os justos, como diz o Espírito Santo, dominarão e comandarão as nações: “Dominabuntur populis” (Sb 3,8);
3º) sua majestade, não contente de abençoá-los em suas pessoas e em seus bens, abençoa ainda todos os que eles abençoarem, e amaldiçoa todos os que os amaldiçoarem e perseguirem.
208. O segundo dever de caridade que a Santíssima Virgem exerce para com seus fiéis servos é provê-los de tudo para o corpo e para a alma. Ela lhes fornece as vestes duplas, como acabamos de ver; dá-lhes de comer os manjares mais finos da mesa de Deus; dá-lhes o pão da vida que ela formou: “A generationibus meis implemini” (Eclo 24,26): “Meus queridos filhos, lhes diz ela, sob o nome da Sabedoria, enchei-vos de meus frutos, isto é, de Jesus, o fruto de vida que eu pus no mundo para vós… “Venite, comedite panem meum et bibite vinum quod miscui vobis” (Pr 9,5); “comedite et bibite, et inebriamini, carissimi” (Ct 5,1): Vinde, lhes repete, comei do meu pão, que é Jesus, e bebei do vinho de seu amor, que para vós preparei com o leite de meus seios. E como é a tesoureira e a dispensadora dos dons e das graças do Altíssimo, ela toma uma boa porção, a melhor, para alimentar e sustentar seus filhos e servos. Eles são fortalecidos com o pão vivo, embriagados com o vinho que gera virgens (cf. Zc 9,17); são levados ao seio: “ad ubera portamini” (Is 66,12); e têm tanta facilidade em carregar o jugo de Jesus Cristo, que quase não lhe sentem o peso, graças ao óleo da devoção com que ela o faz apoderecer: “Iugum eorum computrescet a facie olei” (Is 10,27).
§ III. Ela os conduz.
209. O terceiro bem que a Santíssima Virgem faz a seus fiéis servos é conduzi-los e dirigi-los conforme a vontade de seu Filho. Rebeca conduzia o pequeno Jacó e de vez em quando lhe dava bons conselhos, e deu-lhes tanto para ele atrair a bênção de Isaac, como para subtrair-se à fúria de Esaú. Maria, a estrela do mar, guia todos os seus fiéis servos a bom porto; mostra-lhes os caminhos da vida eterna; desvia-os dos passos perigosos; leva-os pela mão nas sendas da justiça; sustém-nos quando estão prestes a cair; levantam-os quando caíram; repreende-os, como mãe caridosa, quando cometem alguma falta; e até, às vezes, os castiga amorosamente. Um filho que obedece a Maria, pode acaso errar o caminho que leva à eternidade? “Ipsam sequens, non devias: Seguindo-a, não vos extraviareis”, diz São Bernardo. Não temais que um verdadeiro filho de Maria se deixe enganar pelo demônio e venha a cair em alguma heresia formal. Onde se manifesta a mão condutora de Maria, aí não se encontram nem o espírito maligno com suas ilusões, nem os hereges com seus sofismas: “Ipsa tenente, non corruis”.
§ IV. Ela os defende e protege.
210. O quarto favor que a Santíssima Virgem presta a seus filhos e fiéis servos é defendê-los e protegê-los de seus inimigos. Rebeca, por seus cuidados e por sua habilidade, livrou Jacó dos perigos que o ameaçavam, e particularmente da morte que lhe jurara Esaú, e que, no auge da raiva e inveja que o dominavam, ele teria levado a termo, como outrora Caim a seu irmão Abel. Maria, a Mãe misericordiosa dos predestinados, abriga-os sob as asas de sua proteção, como uma galinha aos pintinhos. Ela lhes fala, abaixa-se até a eles, é condescendente para com suas fraquezas, protege-os contra as garras do gavião e do abutre; acompanha-os como um exército em linha de batalha: “ut castrorum acies ordinata” (Ct 6,3). Pode um homem, garantido por um exército de cem mil soldados, ter receio de seus inimigos? Menos ainda há de recear um servo fiel de Maria, rodeado que está da proteção e força de sua Mãe Santíssima. Esta Mãe e Princesa poderosa enviaria antes batalhões de milhares de anjos em socorro de um só de seus servos, para que se não dissesse que um servo fiel de Maria, que a ela se confiou, sucumbiu à malícia, ao número e à força do inimigo.
§ V. Ela intercede por eles.
211. O quinto, enfim, e o maior bem, que a amabilíssima Maria proporciona a seus fiéis devotos, é interceder por eles junto de seu Filho, apaziguá-lo por suas preces, uni-los a ele por um forte elo, e para ele os conservar.
Rebeca mandou a Jacó que se aproximasse do leito de Isaac; e o ancião tateou as mãos e os braços do filho, abraçou-o e beijou-o com alegria, mostrando-se contente e satisfeito com o acepipe que Jacó lhe apresentava. E ao aspirar com extrema satisfação o perfume que se evolava das vestes de Esaú, exclamou: “Ecce odor filii mei sicut odor agri pleni, cui benedixit Dominus”: Eis que o cheiro de meu filho é como o cheiro de um campo florido que o Senhor abençoou (Gn 27,27). Este campo florido, cujo odor encanta o coração do pai, outro não é que o odor das virtudes e dos méritos de Maria, que é um campo cheio de graça, no qual Deus Pai semeou, qual grão de trigo dos eleitos, o seu Filho único.
Oh! bemvindo é, junto de Jesus Cristo, Pai do futuro século, um filho que rescende o bom odor de Maria. E quão pronta e perfeitamente lhe fica unido, já o demonstramos longamente.
212. Além disso, depois de cumular de favores seus filhos e servos fiéis, Maria Santíssima lhes obtém a bênção do Pai celestial e a união com Jesus Cristo e, mais, conserva-os em Jesus Cristo e Jesus Cristo neles. Ela os guarda e por eles vela constantemente, para que não percam a graça de Deus e não caiam nas armadilhas do inimigo: “In plenitudine sanctoros detinet”: Detém os santos em sua plenitude, e ajuda-os a perseverar até ao fim, como já vimos.
Aí está a explicação desta grande e antiga figura da predestinação e da condenação, figura tão desconhecida e tão cheia de mistérios.
Conclusão
Ao encerrarmos o dia de hoje, nossos corações devem se inflamar de gratidão. Como é maravilhoso contemplar a ternura da Santíssima Virgem para com os seus filhos consagrados! Vimos que Ela ama, cuida, protege, intercede e conduz cada alma que se entrega confiantemente a seu amor maternal. E tudo isso, não para retê-las em si, mas para entregá-las inteiramente a Jesus Cristo, seu Filho.
É por isso que, nesta última e mais sagrada semana da preparação, passamos a invocar com especial fervor o Santíssimo Nome de Jesus. A Ladainha do Santíssimo Nome de Jesus que agora passaremos a rezar não é apenas uma lista de títulos; é um verdadeiro ato de amor e conhecimento daquele que é o nosso único Salvador. Em cada invocação, aprendemos algo novo sobre quem é Jesus e abrimos espaço em nosso coração para conhecê-Lo, amá-Lo e segui-Lo com mais fidelidade.
Assim como começamos cada dia pedindo a luz com o Vinde, Espírito Criador, e saudamos Maria com o cântico da Ave, Estrela do Mar, agora também proclamamos, com a Ladainha, a doçura e o poder do Nome de Jesus — nome diante do qual todo joelho se dobra no céu, na terra e nos infernos (cf. Fl 2,10).
Reze hoje com o coração recolhido e entregue, pois o que vivemos agora não é apenas uma preparação, mas já é uma graça antecipada do céu: a graça de conhecer e amar Jesus por Maria.
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