Dia 31 de 33 - Práticas particulares desta devoção

 🌟 Dia 31 - Preparação para a Consagração Total a Jesus por Maria 🌟

📖 Capítulo VIII – Práticas particulares desta devoção

Estamos quase lá! Chegar ao Dia 31 é sinal de graça e perseverança. Faltam apenas dois dias para a nossa Consagração Total, e o coração já começa a se preparar com alegria e esperança para este ato de amor e entrega a Jesus por meio de Maria! 🙏

Hoje, São Luís de Montfort nos apresenta um tema fundamental: as práticas exteriores desta santa devoção. Ao contrário do que muitos pensam, viver de forma interiormente unida a Deus não dispensa os sinais visíveis da fé. Pelo contrário, as práticas exteriores bem-feitas ajudam a formar e fortalecer a vida interior — e ainda mais: edificam e evangelizam os que nos veem.

🚶‍♂️ Usar pequenas cadeias de ferro, rezar com devoção a Ave-Maria e o Terço, praticar penitências e jejuns, recitar o Magnificat, desprezar os valores mundanos, celebrar com especial amor o mistério da Encarnação — tudo isso forma o conjunto das ações que manifestam exteriormente aquilo que já está sendo transformado em nosso coração.

💬 São Luís é muito claro: “assim brilhe a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem vosso Pai que está nos céus” (Mt 5,16). As pessoas que veem os filhos de Maria vivendo com coerência, rezando com fé, se consagrando com humildade e testemunhando com fervor, serão tocadas. E o mundo precisa disso!

Por isso, não tenhamos vergonha de viver visivelmente como consagrados à Virgem. Que nossas práticas sejam sinal, não de vaidade, mas de amor, de convicção e de profunda confiança em Deus. Que nossas cadeias, nosso terço, nossa postura e nossas escolhas falem alto: “Somos todos vossos, ó Maria, e tudo o que temos vos pertence!”

Agora, com reverência e fé, iniciemos nossas orações:
📿 Vinde, Espírito Criador | Ave Maris Stella | Ladainha do Santíssimo Nome de Jesus
🙏 Antes de iniciar a leitura espiritual, pare por um instante e faça as orações com atenção e amor, pedindo com sinceridade à luz do Espírito Santo e ao auxílio da Santíssima Virgem.

📌 Sem oração, não há fruto. Sem humildade, não há transformação.

Ave Estrela do Mar (Ave Maris Stella)

A culpa extingue, pois,
Dá-nos pureza e paz;
Teu doce nome invoque,
Quem de bondade é capaz.

Dá-nos uma vida pura,
Guia-nos para o caminho,
Para que, vendo Jesus,
Juntos cantemos no céu.

Louvor a Deus, Pai,
Glória ao Senhor que venceu,
E ao Espírito Santo
Por todos os séculos. Amém.

Vinde, Espírito Criador (Veni Creator Spiritus)


Vinde, Espírito Criador,
Visitai as almas dos Vossos fiéis
E enchei com a Vossa divina graça
Os corações que criastes.

Sois o nosso Consolador,
Dom de Deus Altíssimo,
Fonte viva, fogo, amor,
E unção divina da alma.

Com Vossos sete dons,
Sois força na mão do Pai,
Prometida por Ele ao nosso coração,
O que enriquece nossas vozes em louvor.

Iluminai a nossa inteligência,
Derramai amor em nosso coração,
E fortalecei nossas fraquezas
Com Vossa eterna proteção.

Afastai para longe o inimigo,
Dai-nos a paz e as graças
Para que, sendo Vossa guia,
Evitemos tudo o que nos desvia.

Por Vós conheçamos o Pai
E o Filho que de Vós procede,
E que a Vossa eterna glória
Sempre seja a nossa sede.

Glória a Deus Pai e ao Filho,
Que ressuscitou dos mortos,
E ao Espírito Consolador
Por todos os séculos. Amém.

Ladainha do Santíssimo Nome de Jesus

Senhor, tende piedade de nós.
Jesus Cristo, tende piedade de nós.
Senhor, tende piedade de nós.

Jesus Cristo, ouvi-nos.
Jesus Cristo, atendei-nos.

Pai celeste que sois Deus, tende piedade de nós.
Filho, Redentor do mundo, que sois Deus, tende piedade de nós.
Espírito Santo, que sois Deus, tende piedade de nós.
Santíssima Trindade, que sois um só Deus, tende piedade de nós.

Jesus, Filho de Deus vivo, tende piedade de nós.
Jesus, esplendor do Pai, tende piedade de nós.
Jesus, pureza da luz eterna, tende piedade de nós.
Jesus, Rei da glória, tende piedade de nós.
Jesus, sol da justiça, tende piedade de nós.
Jesus, Filho da Virgem Maria, tende piedade de nós.
Jesus amável, tende piedade de nós.
Jesus admirável, tende piedade de nós.
Jesus, Deus forte, tende piedade de nós.
Jesus, Pai do futuro do século, tende piedade de nós.
Jesus, Anjo do grande conselho, tende piedade de nós.
Jesus poderosíssimo, tende piedade de nós.
Jesus pacientíssimo, tende piedade de nós.
Jesus obedientíssimo, tende piedade de nós.
Jesus, brando e humilde de coração, tende piedade de nós.
Jesus, amante da castidade, tende piedade de nós.
Jesus, amador nosso, tende piedade de nós.
Jesus, Deus da paz, tende piedade de nós.
Jesus, autor da vida, tende piedade de nós.
Jesus, exemplar das virtudes, tende piedade de nós.
Jesus, zelador das almas, tende piedade de nós.
Jesus, nosso Deus, tende piedade de nós.
Jesus, nosso refúgio, tende piedade de nós.
Jesus, Pai dos pobres, tende piedade de nós.
Jesus, tesouro dos fiéis, tende piedade de nós.
Jesus, bom Pastor, tende piedade de nós.
Jesus, luz verdadeira, tende piedade de nós.
Jesus, sabedoria eterna, tende piedade de nós.
Jesus, bondade infinita, tende piedade de nós.
Jesus, nosso caminho e nossa vida, tende piedade de nós.
Jesus, alegria dos anjos, tende piedade de nós.
Jesus, Rei dos patriarcas, tende piedade de nós.
Jesus, Mestre dos apóstolos, tende piedade de nós.
Jesus, Doutor dos evangelistas, tende piedade de nós.
Jesus, fortaleza dos mártires, tende piedade de nós.
Jesus, luz dos confessores, tende piedade de nós.
Jesus, pureza das virgens, tende piedade de nós.
Jesus, coroa de todos os santos, tende piedade de nós.

Sede-nos propício; perdoai-nos, Jesus.
Sede-nos propício; ouvi-nos, Jesus.

De todo o mal, livrai-nos, Jesus.
De todo o pecado, livrai-nos, Jesus.
De vossa ira, livrai-nos, Jesus.
Das ciladas do demônio, livrai-nos, Jesus.
Do espírito da impureza, livrai-nos, Jesus.
Da morte eterna, livrai-nos, Jesus.
Do desprezo das vossas inspirações, livrai-nos, Jesus.
Pelo mistério da vossa santa Encarnação, livrai-nos, Jesus.
Pela vossa natividade, livrai-nos, Jesus.
Pela vossa infância, livrai-nos, Jesus.
Pela vossa santíssima vida, livrai-nos, Jesus.
Pelos vossos trabalhos, livrai-nos, Jesus.
Pela vossa agonia e paixão, livrai-nos, Jesus.
Pela vossa cruz e desamparo, livrai-nos, Jesus.
Pelas vossas angústias, livrai-nos, Jesus.
Pela vossa morte e sepultura, livrai-nos, Jesus.
Pela vossa ressurreição, livrai-nos, Jesus.
Pela vossa ascensão, livrai-nos, Jesus.
Pela vossa instituição da Santíssima Eucaristia, livrai-nos, Jesus.
Pelas vossas alegrias, livrai-nos, Jesus.
Pela vossa glória, livrai-nos, Jesus.

Cordeiro de Deus, que tirais os pecados do mundo, perdoai-nos, Jesus.
Cordeiro de Deus, que tirais os pecados do mundo, ouvi-nos, Jesus.
Cordeiro de Deus, que tirais os pecados do mundo, tende piedade de nós, Jesus.

Jesus, ouvi-nos.
Jesus, atendei-nos.

Oremos.
Senhor Jesus Cristo, que dissestes: "Pedi e recebereis; buscai e achareis; batei e abrir-se-vos-á", nós vos suplicamos que concedais a nós que vo-lo pedimos, os sentimentos afetivos de vosso divino amor, a fim de que nós vos amemos de todo o coração e que esse amor transcenda por nossas ações, sem que deixemos de vos amar.

Permiti que tenhamos sempre, Senhor, um igual temor e amor pelo vosso santo nome; pois não deixais de governar aqueles que estabeleceis na firmeza do vosso amor. Vós que viveis e reinais pelos séculos dos séculos.

Amém. 

Dia 31 – Leitura do Tratado: Parágrafos 243 a 256

§ IV. Devoção especial ao mistério da Encarnação.

243. Quarta prática. Terão uma devoção especial pelo mistério da Encarnação do Verbo, a 25 de março, que é o mistério adequado a esta devoção, pois que esta devoção foi inspirada pelo Espírito Santo: 1º para honrar e imitar a dependência em que Deus Filho quis estar de Maria, para glória de Deus seu Pai e para nossa salvação; dependência que transparece particularmente neste mistério em que Jesus Cristo se torna cativo e escravo no seio de Maria Santíssima, ali dependendo dela em tudo; 2º para agradecer a Deus as graças incomparáveis que concedeu a Maria, principalmente por tê-la escolhido para sua Mãe digníssima, escolha feita neste mistério. São estes os dois fins principais da escravização a Jesus Cristo em Maria.

244. Peço-vos notar que digo ordinariamente: “o escravo de Jesus em Maria, a escravização a Jesus em Maria”. Pode-se, é verdade, dizer como muitos já o disseram até aqui, “o escravo de Maria, a escravidão da Santíssima Virgem”. Creio, porém, que é melhor dizer “escravo de Jesus em Maria” como aconselhava M. Tronson, superior geral do seminário de São Sulpício, o qual era conhecido por sua rara prudência e grande piedade. Assim aconselhou ele a um eclesiástico que o consultou sobre o assunto. As razões são estas:

245. 1º Visto estarmos num século orgulhoso, em que pululam os sábios enfatuados, os espíritos fortes e críticos, que sempre acham o que falar das mais sólidas e bem estabelecidas práticas de piedade, é preferível, para evitar-lhes ocasião de crítica desnecessária, dizer “escravidão de Jesus em Maria” e dizer-se “escravo de Jesus Cristo” do que escravo de Maria. Assim a denominação desta devoção será dada antes pela sua finalidade, Jesus Cristo, que pelo caminho e meio para atingir este fim, Maria Santíssima. Pode-se, entretanto, usar uma ou outra sem o menor escrúpulo, como eu faço. Um homem, por exemplo, que vai de Orleans a Tours pelo caminho de Amboise, pode evidentemente dizer que vai a Amboise e que vai a Tours. A única diferença é que Amboise é apenas o caminho para ir a Tours e Tours é o fim, o termo de sua viagem.

246. Como o principal mistério que se celebra e honra nesta devoção é o mistério da Encarnação, no qual só se pode contemplar Jesus em Maria, e encarnado em seu seio, é mais adequado dizer-se “a escravidão de Jesus em Maria”, de Jesus residindo e reinando em Maria, conforme a bela oração de tantos homens célebres: “Ó Jesus vivendo em Maria, vinde e vivei em nós, em vosso espírito de santidade”, etc.

247. 3º Este modo de falar patenteia ainda mais a união íntima entre Jesus e Maria. Tão intimamente estão unidos que um é tudo no outro: Jesus é tudo em Maria e Maria é tudo em Jesus; ou, melhor, ela já não existe, mas Jesus somente nela, e antes se separaria do sol a luz, do que apartar Maria de Jesus. É assim que se pode chamar Nosso Senhor “Jesus de Maria”, e a Santíssima Virgem “Maria de Jesus”.

248. O tempo não me permite deter-me aqui para explicar as excelências e as grandezas do mistério de Jesus vivendo e reinando em Maria, ou da Encarnação do Verbo. Contento-me, por isso, em dizer, em três palavras, que é este o primeiro mistério de Jesus Cristo, o mais oculto, o mais elevado e o menos conhecido; que é neste mistério que Jesus, em colaborações com Maria, em seu seio, e por isto chamado pelos santos “aula sacramentorum”, sala dos segredos de Deus, escolheu todos os eleitos; que foi neste mistério que Ele operou todos os mistérios subsequentes de sua vida, pela aceitação deles: Iesus ingrediens mundum dixit: Ecce venio ut faciam, Deus, voluntatem tuam (cf. Hb 10,5-9). Por conseguinte, este mistério é um resumo de todos os mistérios, e contém a vontade e a graça de todos. Este mistério é, enfim, o trono da misericórdia, da liberdade e da glória de Deus. O trono da misericórdia de Deus, porque já que não podemos aproximar-nos de Jesus senão por Maria, não podemos ver Jesus nem lhe falar senão por intermédio de Maria. Jesus atende sempre a sua querida Mãe e concede sua graça e sua misericórdia aos pobres pecadores: Adeamus ergo cum fiducia ad thronum gratiae. Cheguemo-nos, pois, confiadamente, ao trono da graça (Hb 4,16). É o trono de sua liberalidade para Maria, porque este novo Adão, enquanto permanecesse nesse verdadeiro paraíso terrestre, aí realizou ocultamente tantas maravilhas que nem os anjos nem os homens as compreenderam; por isso os santos chamaram Maria a magnificência de Deus: Magnificentia Dei. Como se Deus só fosse magnífico em Maria: Solummodo ibi magnificus Dominus (Is 33,21). É o trono de sua glória para seu Pai, pois foi em Maria que Jesus Cristo acalmou perfeitamente seu Pai irritado contra os homens; que Ele recuperou perfeitamente a glória que o pecado lhe tinha arrebatado, e que, pelo sacrifício, que neste mistério fez de sua vontade e de si mesmo, lhe deu mais glória como jamais lhe deram todos os sacrifícios da antiga lei, e, finalmente, lhe deu uma glória infinita como ainda não recebera de criatura humana.

§ V. Grande devoção à Ave-Maria e ao terço.

249. Quinta prática. Terão grande devoção ao recitar a Ave-Maria, ou a Saudação Angélica, da qual bem poucos cristãos, mesmo esclarecidos, conhecem o valor, o mérito, a excelência e a necessidade. Foi preciso que a Santíssima Virgem aparecesse várias vezes a grandes santos muito doutos, para lhes demonstrar o mérito desta pequena oração, como sucedeu a São Domingos, a São João Capistrano, ao bem-aventurado Alano de la Roche. E eles compuseram livros inteiros sobre as maravilhas e a eficácia da Ave-Maria, para conversão das almas. Altamente publicaram e pregaram que a salvação do mundo começou pela Ave-Maria, e a salvação de cada um em particular está ligada a esta prece; que foi esta prece que trouxe à terra seca e árida o fruto da vida, e que é esta mesma prece que deve fazer germinar em nossa alma a palavra de Deus e produzir o fruto de vida, Jesus Cristo; que a Ave-Maria é um orvalho celeste, que umedece a terra, isto é, a alma, para fazer brotar o fruto no tempo adequado; e que uma alma que não for orvalhada por esta prece ou orvalho celeste não dará fruto algum, nem dará senão espinhos, não estará longe de ser amaldiçoada (cf. Hb 6,8).

250. No livro De dignitate Rosarii do bem-aventurado Alano de la Roche, lê-se o seguinte que a Santíssima Virgem lhe revelou:

“Saibas, meu filho, e comunica-o a todos, que um sinal provável e próximo de condenação eterna é a aversão, a tibieza, a negligência em rezar a Saudação Angélica, que foi a reparação de todo o mundo — Scias enim et securè intelligas et inde latè omnibus patefacias, quod videlicet signum probabile est et propinquum aeternae damnationis horrere et cedere ac negligere Salutationem angelicam, totius mundi reparationem (cap. II).

Eis aí palavras consoladoras e terríveis, que se custaria a crer, se não no-las garantissem esse santo homem e antes dele São Domingos, como, depois dele, muitos personagens fidedignos, com a experiência de muitos séculos. Pois sempre se verificou que aqueles que trazem o sinal de condenação, como os hereges, os ímpios, os orgulhosos, e os mundanos, odeiam e desprezam a Ave-Maria e o terço. Os hereges ainda aprendem e recitam o Pai-Nosso, mas abominam a Ave-Maria e o terço. Trairiam antes uma serpente sobre o peito do que o rosário ou o terço. Os orgulhosos também, embora católicos, mas tendo as mesmas inclinações que seu pai Lúcifer, desprezam ou mostram uma indiferença completa pela Ave-Maria e pelo terço como uma devoção efeminada, suficiente para os ignorantes e analfabetos. Ao contrário, tem-se visto e a experiência o prova que aqueles e aquelas que possuem outros e grandes indícios de predestinação, amam, apreciam e recitam com prazer a Ave-Maria. E que quanto mais são de Deus, tanto mais amam esta oração. É o que a Santíssima Virgem diz também ao bem-aventurado Alano, em seguida às palavras que citei.

251. Não sei como isto acontece nem por que; entretanto é verdade, e não conheço melhor segredo para verificar se uma pessoa é de Deus, do que examinar se gosta ou não de rezar a Ave-Maria e o terço. Digo: gosta, pois pode acontecer que alguém esteja na impossibilidade natural ou até sobrenatural de dizê-la, mas sempre a ama e a inspira aos outros.


§ VI. Recitação do Magnificat.

252. Almas predestinadas, escravas de Jesus em Maria, aprendi que a Ave-Maria é mais bela de todas as orações, depois do Pai-Nosso. É a saudação mais perfeita que podeis fazer a Maria, pois é a saudação que o Altíssimo indicou a um arcanjo, para ganhar o coração da Virgem de Nazaré. É tão poderosas foram aquelas palavras, pelo encanto secreto que contêm, que Maria deu seu pleno consentimento para a Encarnação do Verbo, embora relutasse em sua profunda humildade. É por esta saudação que também vós ganhareis infalivelmente seu coração, contanto que a digais como deveis.

253. A Ave-Maria, rezada com devoção, atenção e modéstia, é, como dizem os santos, o inimigo do demônio, pondo-o logo em fuga, e o martelo que o esmaga; a santificação da alma, a alegria dos anjos, a melodia dos predestinados, o cântico do Novo Testamento, o prazer de Maria e a glória da Santíssima Trindade. A Ave-Maria é um orvalho celeste que torna a alma fecunda; é um beijo casto e amoroso que se dá em Maria, é uma rosa vermelha que se lhe apresenta, é uma pérola preciosa que se lhe oferece, é uma taça de ambrosia e de néctar divino que se lhe dá. Todas estas comparações são de santos ilustres.

254. Rogo-vos instantemente, pelo amor que vos consagro em Jesus e Maria, que não vos contenteis de recitar a coroinha da Santíssima Virgem, mas também o vosso terço, e até, se houver tempo, o vosso rosário, todos os dias, e abençoareis, na hora da morte, o dia e a hora em que me acreditastes; e, depois de ter semeado sob as bênçãos de Jesus e de Maria, colhereis bênçãos eternas no céu: “Qui seminat in benedictionibus, de benedictionibus et metet” (2Cor 9,6).

255. Sexta prática. Para agradecer a Deus pelas graças que concedeu à Santíssima Virgem, dirão frequentemente o Magnificat, a exemplo da bem-aventurada Maria d’Oignies e de muitos outros santos. É a única oração e a única obra composta por Maria, ou, melhor, que Jesus fez por meio dela, pois Ele fala pela boca de sua Mãe Santíssima. É o maior sacrifício de louvor que Deus já recebeu na lei da graça. É, dum lado, o mais humilde e o mais reconhecido e, doutro, o mais sublime e mais elevado de todos os cânticos. Há neste cântico mistérios tão grandes e tão ocultos, que os próprios anjos ignoram. Gerson, que foi um doutor tão sábio quanto piedoso, depois de empregar grande parte de sua vida escrevendo tratados cheios de erudição e piedade, sobre os mais difíceis temas, tremeu e vacilou no fim da carreira, ao empreender a explicação do Magnificat, com que tencionava coroar todas as suas obras. Num volume in-folio, ele nos diz coisas admiráveis do belo e divino cântico. Entre outras, afirma que a Santíssima Virgem o recitava muitas vezes sozinha, principalmente depois da santa comunhão, em ação de graças. O sábio Benzônio, numa explicação do mesmo cântico, cita vários milagres operados por sua virtude, e diz que os demônios tremem e fogem, quando ouvem as palavras do Magnificat: “Fecit potentiam in brachio suo, dispersit superbos mente cordis sui” (Lc 1,51).


§ VII. O desprezo pelo mundo.

256. Sétima prática. Os fiéis servos de Maria devem desprezar, odiar e fugir ao mundo corrompido, e servir-se das práticas de desprezo pelo mundo, que assinalamos na primeira parte.

📿 Conclusão do Dia 31
Hoje concluímos uma parte essencial do Tratado da Verdadeira Devoção: as práticas exteriores, que São Luís começou a apresentar desde o parágrafo 226 e estendeu até o 256.

Ele nos ensina que, embora o coração seja o centro da nossa entrega, o corpo também deve expressar aquilo que a alma vive. As práticas exteriores — como o uso das cadeias de ferro, a recitação do terço e do Magnificat, a celebração da Encarnação e até o desprezo visível pelos valores mundanos — são sinais concretos da nossa consagração, são memória viva da nossa escolha por Deus, e também são instrumento de evangelização para o mundo.

💡 Não é questão de aparência. É coerência. O mundo precisa ver que somos de Maria. E nossos gestos, nossa fala, nossa postura e até nossos objetos devem refletir essa escolha com humildade, sem ostentação, mas com firmeza e alegria.

Essas práticas também têm poder de nos proteger, nos lembrar das promessas do batismo e nos manter fiéis. São Luís, ao nos propor essas atitudes, quer que a consagração seja algo real, visível, corajoso e que permaneça conosco por toda a vida.

A partir de amanhã, daremos os passos finais antes da nossa entrega definitiva.
Avante, com Maria! Faltam dois dias! 🙏💙


Comentários